Vendas de medicamentos psiquiátricos disparam na pandemia - Farmacêutico - Notícias - CRF-MS

segunda, 20 de março de 2023 às 11h17

Vendas de medicamentos psiquiátricos disparam na pandemia

Levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) com base nos dados da Consultoria IQVIA, mostra que a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor disparou no Brasil a partir da pandemia de Covid-19. Comparando as vendas em 2019, ano anterior à emergência de saúde pública, com as de 2022, o número de unidades comercializadas desses medicamentos aumentou de 82.667.898 para 112.797.268, ou seja, 36%. Os estados campeões em aumento foram Bahia, Paraíba e Maranhão, com porcentuais que variaram de 62% a 57%. Os menores aumentos foram verificados no Paraná, Rondônia e Rio Grande do Sul, com índices de 29% nos dois primeiros e 19% no último.

Em Mato Grosso do Sul, o aumento no número de antidepressivos e estabilizadores de humor entre os anos de 2019 e 2022 foi de 34%, saltando de 1.043.769 para 1.403.841, conforme o levantamento. De 2019 para 2020, o primeiro ano da pandemia, a venda destes medicamentos aumentou 16%, de 1.043.769 para 1.213.082.

Também foram levantadas informações sobre as vendas de anticonvulsivantes e antiepiléticos, que são medicamentos utilizados para tratamentos que incluem casos de agravamento dos quadros de depressão. O aumento no número de unidades vendidas no período estudado foi de 21%, o que corresponde a uma média de 5,25% ao ano. Antes da pandemia, o maior crescimento anual havia sido de 4% em 2018, comparando-se a 2017. Em 2020, ano do lockdown, o aumento foi de 12%. Os maiores aumentos nas vendas foram verificados na Bahia, no Amazonas e no Piauí, com índices de 33% no primeiro e 30% nos outros dois estados.

Em relação à venda de anticonvulsivantes e antiepiléticos, também houve aumento nas vendas em Mato Grosso do Sul. O aumento mais significante aconteceu entre os anos de 2019 e 2022, quando as vendas aumentaram 23% (de 676.615 para 829.408). De 2019 para 2020, o número destes medicamentos comercializados saltou de 676.615 para 762.727. 

“Sem dúvida, a pandemia resultou em impactos que levaram a um aumento significativo de problemas de saúde mental em todo o mundo, inclusive no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no primeiro ano da circulação do novo coronavírus, houve um incremento de 25% na prevalência dos casos de depressão e ansiedade na população mundial. Estudos recentes sugerem que essa taxa pode ter atingido 35% na população dos países da América Latina”, informa Wellington Barros, consultor do CFF.

O consultor do CFF considera a pandemia o principal fator influenciador no aumento da venda de medicamentos psiquiátricos. “Mas há outras questões referentes aos determinantes sociais que certamente representam uma carga significativa no quadro epidemiológico de problemas de saúde resultantes”, observa. Wellington Barros destaca que a Covid-19 veio acompanhada de outras situações que tornaram o cenário ainda mais desafiador.

“A situação de emergência sanitária veio acompanhada de repercussões sociais e econômicas que geraram apreensão em todos os estratos da sociedade brasileira, tendo sido potencializada pela pressão sobre o sistema de saúde, o que de certa forma impactou ainda mais no agravamento dos velhos problemas na qualidade e no acesso aos serviços de saúde. Este fato não pode ser desconsiderado do quadro geral de aumento do sofrimento psíquico da sociedade”, enfatizou. O consultor lembra que, no caso das doenças mentais, é fundamental o diagnóstico e o uso racional de medicamentos, com acompanhamento também do farmacêutico, o que melhora o resultado do tratamento e a qualidade de vida do paciente. “Automedicação nesses casos, jamais”, reforça.
Voltar

Notícias relacionadas

Av. Rodolfo José Pinho, 66 - Campo Grande - MS | 79004-690 - (67) 3325-8090 - crfms@crfms.org.br

Desenvolvido pela dedicada equipe